HÉCATE, A DEUSA DA MAGIA E DAS ENCRUZILHADAS
“Eu sou a sombra mais profunda, o caminho a ser trilhado e a própria magia. Reverencie-me nas encruzilhas trívias e em todas as faces da Lua e eu lhe darei a chave dos mistérios universais!”
Hécate é a Titã Grega da magia, da feitiçaria, do parto, do tempo, do fogo, da proteção, da iluminação, do conhecimento, dos mistérios, da noite, do Submundo, do destino, da Lua, dos ciclos femininos, da maternidade, da fertilidade, do inconsciente, dos limiares, dos animais, dos desafios, da sabedoria, das encruzilhadas, das estradas, das viagens, da riqueza, da vitória, dos jogos, da eloquência na política, das escolhas, da religião, do lar, das ervas venenosas, da necromancia, dos espíritos infernais, dos fantasmas, da vidência, da profecia, da alucinação, da vingança, das maldições, da cura, da dualidade, da transformação, da purificação, da vida e da morte. Filha de Perses e Asteria (e prima de Apolo e Ártemis) ou de Tártaro e Nyx, dependendo da fonte, o significado de seu nome é bem obscuro e algumas suposições foram feitas: de uma palavra grega que significa “verdade”; de Hekatos, um epíteto de Apolo, podendo significar “A que remove ou move”, “A que opera à distância” ou ainda “A que lança dardos longe”; ou ainda pode derivar do nome da Deusa egípcia Heket que significa “Todo o Poder”. Pouco se sabe acerca de seus mitos. Não porque fosse uma Titã pouco cultuada na Grécia Antiga, mas porque com a cristianização do mundo ocidental inúmeros documentos a seu respeito foram destruídos e sua imagem deturpada. Desta forma, pouco se sabe quem foi Hécate. Mas, ainda assim, Hécate é identificada como tendo um papel principal num dos mitos gregos mais importantes: a descida de Koré ao Submundo. Pois foi Hécate a propulsora de toda a história quando Koré lhe pediu ajuda, ocasionando assim na transformação da Deusa da Primavera para a Rainha do Submundo, Perséfone. Sabe-se também que sua importância no mundo Helênico era tamanha que, mesmo com o fim do matriarcado, um de seus mitos permaneceu: caso uma oferenda fosse deitada em terra e o ofertante não destinasse a mesma para nenhuma divindade, automaticamente aquela oferenda seria de Hécate. Isso se dava, pois Hécate é a Rainha de tudo que não tem domínio, donos ou que não tem definição própria e, por isso mesmo, as encruzilhadas e as portas (umbrais) eram considerados reinos Dela, visto que a primeira não faz parte de nenhum dos caminhos e a segunda não está nem dentro e nem fora de casa (o mesmo valendo para os círculos mágicos e o período de Dedicação, pois no primeiro você não está em nenhum mundo e no segundo você é um sacerdote sem ser um sacerdote ainda). Hécate também tem papel importante no retorno das almas a Terra, pois durante a primavera e o verão, que Perséfone se ausenta do Submundo para ficar com sua mãe Deméter, Hécate assume o posto de Rainha do Submundo e todas as funções de Perséfone naquele reino.
Seu reino é tanto o Submundo quanto o céu, a terra e o mar e sua influência se dá em todas as esferas. Mesmo não sendo uma Deusa do Dodecatheon, Ela é extremamente respeitada e temida por todas as divindades. Tem o poder de criar ou reter com tempestades, o que fez com que caísse nas graças dos marinheiros e pastores. Hécate também é a instrutora, a guia, a mestra da magia, a Rainha das Bruxas (epíteto atribuído a Ela recentemente pelo movimento neopagão), mas Ela também é a Titã da Sabedoria. Ela nos ensina que o que é conquistado é muito mais valorizado do que aquilo que é dado, por conseguinte, nunca entrega nada gratuitamente. Por isso mesmo, caso queira algo em troca Ela sempre traz um desafio que, sendo superado, vem junto a uma recompensa. Por vezes era chamada de Mãe dos Anjos como uma alusão a ser a líder dos Daimons: seres que acompanham os seres humanos e que são guias das almas encarnadas (semelhante aos espíritos lares em Roma e aos Malakl adotados pelo cristianismo). Vale ressaltar ainda que um de seus epítetos, Angelos, a determina como A Mensageira e Senhora dos Oráculos, a ponte de comunicação entre os Deuses e os homens; um papel também compartilhado com outros Deuses, como Hermes e Íris. Outro de seus epítetos, Epiphanestate, a classifica como a pura Alma do Mundo Cósmico, ou seja, Ela sendo considerada o próprio universo e o mistério que a tudo permeia – tamanha sua força e imponência perante os Antigos.